Flávio Cerqueira no Espaço Húmus
Não há como o Passarinho levantar voo; ele está pronto, os joelhos dobrados, a expressão de quem determinado ignora a gravidade por saber domá-la. Esse menino pássaro, esse menino joão-de-barro, tem as asas incompletas. São uns galhos finos, que não atendem as suas expectativas de voar.Flávio Cerqueira faz casulos do instante de ansiedade, estátuas dos estados de espera e da vontade. Somos nós miniatura.
Entrar no ateliê de Flávio é entrar por uma fenda que ele talhou no tempo humano. As figuras que se erguem completas ou inacabadas, são uma versão do nosso tempo frágil, um espelho que, ao invés de nos refletir, nos molda no bronze brilhante. Convidam a aproximação mas estabelecem um mistério absoluto: por por mais perto que cheguemos, nunca tocaremos no diáfano segredo que guardam essas ansiosas estátuas. Nunca as libertaremos.
Somos reféns de entender a pausa e a solidão. A intensidade do instante congelado é o pulo para o antes e para o depois. O que conversavam os fantoches na mão da estátua Monólogo, que sombras farão na parede no futuro. Não espanta a ideia de que quando as luzes apagam, as estátuas tomam vida e completam o desejo na qual foram moldadas.. Gepetto criou Pinóquio de madeira que queria ser menino. As estátuas aqui não querem ser humanas, já são. Querem entregar uma flor despedaçada, chegar ao orgasmo, tentar voar, cair e se machucar.
Acesse o link abaixo para ver um pouco mais da conversa que o Artista teve com Ana Luiza Gomes e Amália Coccia
http://espacohumus.com/flavio-cerqueira/